segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Porque a gente sempre quer desafiar alguma coisa...

Pra sentir o gosto do tempo


Hoje eu tive uma vontade imensa de pular de um carro em movimento, de jogar meu corpo contra um emaranhado de fios de alta tensão desencapados. Tive vontade de me cortar com uma lâmina enferrujada, de lamber uma navalha velha pra sentir o gosto do tempo. Quis sentir o impacto do meu corpo contra o asfalto fervendo dessa avenida. Quis ter, ainda que por apenas alguns instantes, alguma noção de como é viver.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Porque a gente sempre espera alguma coisa em troca...

Recompensa

E o que eu recebo no final do dia?
Qual é o prêmio que me cabe
Depois que as luzes se apagam?
Pois o que me resta é apenas essa cama fria
E o peso do sono sobre meus olhos molhados.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Você é o que você come

Já te ocorreu alguma vez que a forma como as pessoas arrumam seus pratos pode dizer muito sobre suas personalidades?
Eu, por exemplo, posso ser facilmente compreendido através das escolhas que eu faço na hora de comer e, principalmente, na hora de organizar a comida no prato. Se eu como feijão, o que acontece com pouca freqüência, este sempre fica por baixo de tudo. O arroz vem logo em seguida, e depois todo o resto se dispõe de forma contígua: carne ao lado de salada ao lado de farofa ao lado de molho. E ainda faço questão de deixar um pequeno espaço pra que o arroz se possa distinguir no meio de tudo isso.
Há pessoas que não se importam com a ordem dos fatores, e acabam por dispor a comida de forma pavorosamente desorganizada dentro do prato. É macarrão por cima de carne, caroço de feijão por cima de arroz... Ainda há quem goste de misturar uma bananinha com a comida, coisa que me dá um nó no estômago só de imaginar.
Todos sabem que nunca se deve comer muito carboidrato de uma só vez, mas, mesmo assim, observando o prato das pessoas, eu percebo que eu sou o único que se importa realmente com isso, visto que muitos misturam batata com macarrão e arroz sem pensar nas conseqüências que essa prática irresponsável pode acarretar.
Pode parecer meio mal educado da minha parte ficar prestando atenção na comida das pessoas, mas é que eu gosto de tentar imaginar como elas são. E já que dizem que a gente é o que a gente come, nada mais natural do que consultar o prato de comida dos outros pra recolher alguns dados e montar um panorama daquilo que eles talvez venham a ser.
O que você diria de mim a julgar pelo meu prato, anteriormente descrito? Provavelmente que eu sou um neurótico, obcecado por organização. Pessoa de hábitos pretensamente saudáveis. Hipócrita, que sobrepõe o branco ao preto pra cobrir a “sujeira” que o incomoda, mas que lhe é tão inerente.
O que será que eu diria de você se eu soubesse como você arruma a sua comida no prato?
Se você é dos que gostam de comer muita carne, eu diria que você é uma pessoa violenta, que sente a necessidade de canalizar essa sua paixão pela carnificina através do consumo exagerado de... carne, ora!
Agora, caso você seja daqueles que não abrem mão de uma saladinha de alface, é muito provável que eu te ache uma pessoa sem graça e sem gosto, já que alface é uma coisa que a gente só come quando bate aquele desespero, aquela necessidade de murchar, digo, de emagrecer.
Quanto aos que optam sempre por massas e queijos, desses eu posso dizer que eu sinto inveja. São os que vivem sem medo da felicidade. Em geral, pessoas muito alegres e sorridentes, simpáticas até a medula óssea. O único problema é que podem abusar um pouquinho do molho de tomate, de vez em quando, mas, fora isso, são aquelas com quem eu mais me identifico.
A fome bateu e resolvi terminar logo esse texto dizendo que a vida segue e as pessoas comem, porque se não fosse desse jeito não haveria vida, já que é preciso estar alimentado para viver. E enquanto você ri desse meu pleonasmo muito pouco perspicaz, eu corro até a geladeira pra dar uma beliscadinha. Só espero não esbarrar em algum maluco, no caminho até a cozinha, que me pare pra me analisar a partir do que eu vou comer...

By ***Fábio del Reyes***