Fábio says: "-Daí o papel vôou da minha mão e foi parar num boeiro."
Luciane says: "-Eu não acredito que você perdeu o papel da sua vida!"
É. Perdi.
sábado, 26 de abril de 2008
domingo, 20 de abril de 2008
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Porque... porque... ah, porque deu vontade!
Outro dia eu tava aqui vasculhando as minhas gavetas e acabei encontrando cinco agendas antigas, que correspondem aos anos de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003, de modo que as coisas que estão escritas ali compreendem um período da minha vida que vai dos 10 aos 15 anos. Confesso que dei boas risadas relendo todas aquelas linhas mal escritas, que são, na verdade, o registro de uma época em que eu ainda não era uma pessoa cética e cínica. (Não gostei muito da aliteração, mas tudo bem.)
Por alguns instantes cheguei a ter inveja de mim mesmo. Quis rebobinar a fita, voltar àquele tempo em que tudo era mais fácil e mais bonito. Até meus erros gramaticais eram perdoáveis. Por outro lado, determinadas coisas merecem toda uma reflexão acerca de como eu já fui terrivelmente idiota, e como essa idiotice em questão se reflete em quem eu sou agora. No dia 23 de agosto de 1999, por exemplo, este ser que vos escreve registrou um trecho de "Na luz das estrelas", de Sandy & Jr, no meio de um grande coração vermelho atravessado por uma flecha. Como se isso não bastasse, quase tenho uma convulsão ao constatar que, antes disso, no dia 10 de julho, uma amiguinha qualquer do colégio mostrou que sabe ser uma menina inteligente e registrou a seguinte mensagem: "se fores ao infinito encontrar alguém, melhor que eu fique. Se sentires o vento ou a brisa tocar em seu rosto, chore. Pois no céu há alguém que te guia - Deus - e na Terra alguém que te ama - eu?" Assim, exatamente desse jeito, com essa interrogação aí do lado. To até agora me perguntando se isso foi ela me dando mole ou se foi só ctrl+c ctrl+v de algum daqueles versinhos piegas super difundidos entre crianças que se acham adultas. Apesar disso, essa tal amiguinha escreveu uma mensagem bem bonitinha embaixo do versinho, de modo que eu me sinto envergonhado de falar mal.
Na agenda do ano seguinte eu só encontrei listas. Sobretudo listas de nomes de atores globais. É que na época eu tava numas de querer ser autor de novela, e vivia esquematizando meus "projetos". Escalava o elenco, escolhia a trilha sonora, pensava na abertura... Até tinha os meus diretores preferidos, aqueles com quem eu manteria uma parceria de sucesso, uma coisa meio Penélope Cruz e Almodóvar. Nomes recorrentes: Adriana Esteves, Carolina Ferraz, Deborah Secco, Murilo Benício, Tony Ramos, Regina Duarte, and so on. Fora isso, descobri que pouco mudara entre um ano e outro, e as páginas que não continham listas estavam cheias de confissões de amor mentirosas e divagações pífias acerca da vida.
Em 2001 a coisa mudou totalmente de figura. Como eu fora introduzido ao beijo bem no finalzinho do ano anterior, pouco antes de fazer 12 anos, dá pra perceber uma mudança considerável no conteúdo da minha agenda. Foi nesse momento da minha vida que eu comecei a ler coisas mais consistentes do que Pedro Bandeira, que eu comecei a trocar meus cd's de Sandy & Jr por música mais adulta (o que naquela época significava rigorosamente Cássia Eller e Legião Urbana), que eu descobri o Vinícius de Moraes, para, anos depois, querer esquecer que um dia eu achei que ele fosse o maior poeta do mundo, dentre outras transformações dessa magnitude. Besides, faltavam umas duas ou três páginas no início do mês de julho, período que coincide com o aniversário da "falecida". Aposto que essas páginas traziam algum recadinho dela, e que eu fiz questão de arrancá-las dali depois que as coisas aconteceram. É incrível o fato de eu nunca ter superado isso e não conseguir encarar o que aconteceu entre a gente sem rancor...
No dia 15 do mesmo mês, a Lorena escreveu a letra de "Por enquanto" pra mim. Aliás, essa não foi a única aparição da Lorena na minha agenda. No dia 18 de abril, dia do aniversário dela, ela anotou um poeminha muito bonitinho que ela mesma havia feito. O resto é só reclamação infundada e encheção de lingüiça.
A agenda de 2002 mantém, de certa forma, os mesmos padrões da do ano anterior, só é um pouco mais elaborada. Acho que foi aí que eu aprendi a escrever decentemente. Além disso, começam a aparecer os primeiros registros de saídas, ficadas, rolos, brigas... Nesse ano teve o nascimento da Larissa, a quase-perda-da-virgindade-parte-um, e muitas outras coisas. Resumindo, 2002 foi um ano de realizações. (Ou quase isso)
A agenda de 2003 é so far a minha preferida. Linda, linda. Cheia de recados bonitos dos meus amigos do Santa Lúcia, de ingressos colados nas páginas correspondentes aos dias dos eventos, de bilhetinhos dobrados, grampeados às páginas correspondentes aos dias em que foram recebidos, de fotos de pessoas que eu já não vejo há muito tempo... É uma agenda cheia de lembrancinhas. Esse ano, por mais cliché que isso soe, foi o fim de um ciclo na minha vida, foi um ano muito importante em muitos aspectos. A partir de então, muita coisa mudou. Eu mudei. Muito. Os últimos registros da passagem da "falecida" pela minha vida estão aqui, inclusive uma foto em que estávamos nós dois aqui em casa com duas amigas nossas... Mas, deixando um pouco isso de lado, vale lembrar que o ponto alto dessa agenda são os recadinhos da Lorena, da Nathália e da Jéssica.
Depois disso, as coisas foram ficando completamente diferentes. Tanto que não há uma agenda para o ano de 2004 e, na minha agenda de 2005, que foi a última que eu usei na minha vida, até agora, a única coisa de (ir) relevante que eu encontrei foi um poeminha meu, bem bobo. Fora isso, só algumas anotações aleatórias.
Foi muito bom ter encontrado essas agendas perdidas no meio das minhas coisas. Eu tava mesmo precisando disso, reorganizar as minhas idéias com base nas experiências passadas, me reavaliar de acordo com aquilo que eu era antes de todas essas mudanças acontecerem na minha vida. Tudo bem que grande parte do que eu encontrei ali me fez sentir uma vergonha tão grande que eu até tive o impulso de me livrar de tudo aquilo o mais rápido possível, antes que alguém lesse todo aquele conteúdo e saísse correndo pra contar pro mundo inteiro, coisa que eu mesmo, por fim, acabei fazendo ao decidir escrever sobre isso.
O que eu mais achei interessante, enquanto lia todas essas agendas, foi perceber o meu amadurecimento ao longo do tempo, até mesmo na forma como eu escrevo... Mas, enfim, por hoje já chega. To morrendo de sono, preciso dormir.
XOXO
Por alguns instantes cheguei a ter inveja de mim mesmo. Quis rebobinar a fita, voltar àquele tempo em que tudo era mais fácil e mais bonito. Até meus erros gramaticais eram perdoáveis. Por outro lado, determinadas coisas merecem toda uma reflexão acerca de como eu já fui terrivelmente idiota, e como essa idiotice em questão se reflete em quem eu sou agora. No dia 23 de agosto de 1999, por exemplo, este ser que vos escreve registrou um trecho de "Na luz das estrelas", de Sandy & Jr, no meio de um grande coração vermelho atravessado por uma flecha. Como se isso não bastasse, quase tenho uma convulsão ao constatar que, antes disso, no dia 10 de julho, uma amiguinha qualquer do colégio mostrou que sabe ser uma menina inteligente e registrou a seguinte mensagem: "se fores ao infinito encontrar alguém, melhor que eu fique. Se sentires o vento ou a brisa tocar em seu rosto, chore. Pois no céu há alguém que te guia - Deus - e na Terra alguém que te ama - eu?" Assim, exatamente desse jeito, com essa interrogação aí do lado. To até agora me perguntando se isso foi ela me dando mole ou se foi só ctrl+c ctrl+v de algum daqueles versinhos piegas super difundidos entre crianças que se acham adultas. Apesar disso, essa tal amiguinha escreveu uma mensagem bem bonitinha embaixo do versinho, de modo que eu me sinto envergonhado de falar mal.
Na agenda do ano seguinte eu só encontrei listas. Sobretudo listas de nomes de atores globais. É que na época eu tava numas de querer ser autor de novela, e vivia esquematizando meus "projetos". Escalava o elenco, escolhia a trilha sonora, pensava na abertura... Até tinha os meus diretores preferidos, aqueles com quem eu manteria uma parceria de sucesso, uma coisa meio Penélope Cruz e Almodóvar. Nomes recorrentes: Adriana Esteves, Carolina Ferraz, Deborah Secco, Murilo Benício, Tony Ramos, Regina Duarte, and so on. Fora isso, descobri que pouco mudara entre um ano e outro, e as páginas que não continham listas estavam cheias de confissões de amor mentirosas e divagações pífias acerca da vida.
Em 2001 a coisa mudou totalmente de figura. Como eu fora introduzido ao beijo bem no finalzinho do ano anterior, pouco antes de fazer 12 anos, dá pra perceber uma mudança considerável no conteúdo da minha agenda. Foi nesse momento da minha vida que eu comecei a ler coisas mais consistentes do que Pedro Bandeira, que eu comecei a trocar meus cd's de Sandy & Jr por música mais adulta (o que naquela época significava rigorosamente Cássia Eller e Legião Urbana), que eu descobri o Vinícius de Moraes, para, anos depois, querer esquecer que um dia eu achei que ele fosse o maior poeta do mundo, dentre outras transformações dessa magnitude. Besides, faltavam umas duas ou três páginas no início do mês de julho, período que coincide com o aniversário da "falecida". Aposto que essas páginas traziam algum recadinho dela, e que eu fiz questão de arrancá-las dali depois que as coisas aconteceram. É incrível o fato de eu nunca ter superado isso e não conseguir encarar o que aconteceu entre a gente sem rancor...
No dia 15 do mesmo mês, a Lorena escreveu a letra de "Por enquanto" pra mim. Aliás, essa não foi a única aparição da Lorena na minha agenda. No dia 18 de abril, dia do aniversário dela, ela anotou um poeminha muito bonitinho que ela mesma havia feito. O resto é só reclamação infundada e encheção de lingüiça.
A agenda de 2002 mantém, de certa forma, os mesmos padrões da do ano anterior, só é um pouco mais elaborada. Acho que foi aí que eu aprendi a escrever decentemente. Além disso, começam a aparecer os primeiros registros de saídas, ficadas, rolos, brigas... Nesse ano teve o nascimento da Larissa, a quase-perda-da-virgindade-parte-um, e muitas outras coisas. Resumindo, 2002 foi um ano de realizações. (Ou quase isso)
A agenda de 2003 é so far a minha preferida. Linda, linda. Cheia de recados bonitos dos meus amigos do Santa Lúcia, de ingressos colados nas páginas correspondentes aos dias dos eventos, de bilhetinhos dobrados, grampeados às páginas correspondentes aos dias em que foram recebidos, de fotos de pessoas que eu já não vejo há muito tempo... É uma agenda cheia de lembrancinhas. Esse ano, por mais cliché que isso soe, foi o fim de um ciclo na minha vida, foi um ano muito importante em muitos aspectos. A partir de então, muita coisa mudou. Eu mudei. Muito. Os últimos registros da passagem da "falecida" pela minha vida estão aqui, inclusive uma foto em que estávamos nós dois aqui em casa com duas amigas nossas... Mas, deixando um pouco isso de lado, vale lembrar que o ponto alto dessa agenda são os recadinhos da Lorena, da Nathália e da Jéssica.
Depois disso, as coisas foram ficando completamente diferentes. Tanto que não há uma agenda para o ano de 2004 e, na minha agenda de 2005, que foi a última que eu usei na minha vida, até agora, a única coisa de (ir) relevante que eu encontrei foi um poeminha meu, bem bobo. Fora isso, só algumas anotações aleatórias.
Foi muito bom ter encontrado essas agendas perdidas no meio das minhas coisas. Eu tava mesmo precisando disso, reorganizar as minhas idéias com base nas experiências passadas, me reavaliar de acordo com aquilo que eu era antes de todas essas mudanças acontecerem na minha vida. Tudo bem que grande parte do que eu encontrei ali me fez sentir uma vergonha tão grande que eu até tive o impulso de me livrar de tudo aquilo o mais rápido possível, antes que alguém lesse todo aquele conteúdo e saísse correndo pra contar pro mundo inteiro, coisa que eu mesmo, por fim, acabei fazendo ao decidir escrever sobre isso.
O que eu mais achei interessante, enquanto lia todas essas agendas, foi perceber o meu amadurecimento ao longo do tempo, até mesmo na forma como eu escrevo... Mas, enfim, por hoje já chega. To morrendo de sono, preciso dormir.
XOXO
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